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Philippines, here I am!

Philippines, here I am!


Primeiro voo: Cebu

Ainda não estou totalmente recuperada do facto de ter perdido as minhas milhares de palavras que escrevi há uns dias nesta que pensei ser a primeira parte mas cá estou para repetir e vos deixar as minhas boas vibes em relação às Filipinas.

A nível pessoal, confesso-vos aqui que fui com o coração apertadinho por alguns motivos para Cebu e assim meio que permaneceu durante a minha estadia por lá. Porque enganem-se aqueles que mesmo em viagem e a viver maravilhas, a malta não tem momentos em que a vida nos dá uns safanões só para garantir que permanecemos vivos/as.

Cheguei bem cedinho ao aeroporto, tipo quatro da manhã, e cheia de fome e sede! Parei no único café aberto e decidi mudar de roupa e carregar o meu telemóvel, enquanto saciava esta barriga de misérias. Aqui conversei com dois amigos franceses que iam viajar juntos durante duas semanas nas Filipinas e com quem, curiosamente, me tinha metido no aeroporto e na caixa de multibanco à chegada, e que acabariam por fazer o mesmo que eu e me convidaram para sentar perto deles. No final, um deles deu-me um papel rascunhado no percurso pensado deles com os respectivos dias e disse só:

– Espero ver-te por aí!

Quando eles foram embora, outro casal, desta vez dos Estados Unidos, meteu conversa comigo e acabaram por ser não só a minha companhia divertida no táxi para o píer como me ofereceram essa mesma viagem. Ambos queríamos ir para Bohol mal chegássemos a Cebu e assim fizemos, no primeiro ferry do dia.

Imaginem agora uma acumulação de cansaço grande a uma viagem de ferry no topo do deck em assentos super apertados com mais não sei quantas dezenas de pessoas em várias filas e um nascer do sol simplesmente fantástico, e toda a gente calada a apreciar aquela maravilha da natureza. Faço agora um minuto de silêncio para que dêem asas à vossa imaginação.

Cheguei já encantada da vida e disse-lhes que já tinha valido a pena todo aquele sono e cansaço, toda aquela viagem e aquela travessia de barco que parecia não ter fim mas que parecia digna de filme. Senti-me agradecida de novo.

Em Bohol, voltei a meter conversa com malta viajante no píer e lá consegui dividir um tuk tuk com uma francesa até ao meu Hostel que ficava a caminho do dela. Ela ficou muito encantada pelo facto de eu andar a viajar sozinha e já o ter feito anteriormente.

– I can’t imagine myself traveling all by myself, on my own, without any friends or my boyfriend. Don’t you have anyone who you could share this experience with you?

Consigo contar pelos dedos de ambas as minhas mãos quantas vezes me perguntaram isto. E a resposta acaba por ser sempre a mesma:

– Deverá o facto de não ter companhia, impedir-me de visitar os países que quero neste mundo porquê?

Continuando…

Estava tão de rastos, especialmente durante da viagem de tuk tuk em que me senti como aqueles bebés que adormecem mal o carro começa a trabalhar que, ao mal conseguir aguentar os olhos abertos, decidi tomar o pequeno-almoço, tomar um duche e relaxar um bocado no dormitório que estava completamente vazio!

Umas horas passaram e eu explorei a zona perto bem como aproveitei para esticar o corpo na minha toalha de banho e de praia (viva ao travel light!) a dez minutos a pé do meu Hostel. A caminho vi um cão aproximar-se e, graças de novo ao meu amigo Gonçalo Cruz que me transmitiu um receio adicional de contrair o vírus da raiva devido à sua experiência no Camboja, decidi esticar o dedo e apanhar boleia de mota de um Filipino qualquer que ia a passar e foi uma alma caridosa para comigo.

Estava a tuga e mais, pelo menos, meia dúzia de casais naquela praia. O típico cliché da scooter para dois e fechar a cena em dois indivíduos e um mar e areal extensos. Reflecti imenso aqui sobre esta coisa de viajar sozinha, em casal ou com amigos. Gosto de cada uma delas, por diferentes motivos e, dependendo dos destinos, tenho as minhas preferências. E as Filipinas é um dos destinos que dá perfeita e lindamente para cada uma destas opções, sendo muito fácil viajar sozinha aqui.

O meu regresso ao dormitório foi muito especial. Sabia que estava à minha espera uma pessoa que se cruzou na minha vida o ano passado por um curto período de tempo mas que, ainda assim, quis permanecer no meu círculo de pessoas mais próximas. Vivi com a Kamila durante pouco mais de um mês enquanto trabalhávamos na mesma vila mas em locais diferentes. Ela atravessava uma fase menos feliz da sua vida e eu atravessaria uma semelhante depois da partida dela.

Ao ir embora, disse-lhe não só mas também:

– See you soon, ok? Because I feel that this is not definitely a goodbye for us and we will meet somewhere sooner or later.

E foi exatamente isso que aconteceu. E escrever ou falar disto, seja onde ou com quem for, não só me faz ficar com um valente sorriso na cara como uma satisfação gigante. Foram várias as conversas que tive com ela nas nossas folgas ou  noites após o trabalho. Em vários momentos sentia-me como se fosse a sua irmã mais velha e conselheira da vida, mesmo tendo uma diferença mínima de idades. Mais tarde, em Bohol, viria a entender que de facto tive uma certa importância para ela e para o seu percurso  depois de nos afastarmos fisicamente, ajudando-a a olhar para a vida de forma diferente, a pensar mais nas vontades dela em relação ao que quer fazer do que na opinião dos outros, a tentar ser mais positiva e ter a certeza que tudo acontece por um motivo e que o futuro  tem um sorriso enorme à espera dela. E viajar mais. Sozinha ou acompanhada. Novamente digo: e foi exatamente isso que aconteceu.

Dei-lhe um mega abraço mal a vi e rimos muito juntas quando ela disse que não me reconheceu ao ver-me a chegar ao dormitório. Bronze novo, corpo mais esguio, atitude mais leve e estilo de roupa completamente diferentes dos quais a habituei enquanto vivemos no mesmo apartamento. Obviamente que tínhamos muito para conversar uma com a outra e assim o fizemos nos dias seguintes, juntamente com a amiga dela da República Checa que a quis acompanhar nesta viagem às Filipinas.

Fomos jantar fora nesta nossa primeira noite e reencontro a um restaurante com música ao vivo onde acabámos por decidir fazer mergulho as três na manhã seguinte. Elas não eram certificadas e meio que foi ilegal e elas foram apenas até aos oito metros com um instrutor cada e eu com outro, indo quase até aos trinta metros durante quase uma hora. Comparando com a Tailândia não foi nada de especial mas mergulhar acaba por já ser uma espécie de meditação e valeu cada minuto underwater!

Depois do mergulho fomos as três fazer uma tour por uma parte da ilha de tuk tuk. Inicialmente pensámos em alugar duas motas mas como nenhuma de nós estava confiante nem queria esbardalhar-se em Bohol, decidimos pelo mais seguro, ainda que mais lento. Por uns dez ou doze euros tivemos aquele guia durante a tarde toda, até ser hora de jantar. Das melhores cenas foi a ponte suspensa onde me fartei de rir da Kamila que estava cheia de medo ao atravessá-la.

Duas noites juntas depois, eu quis seguir viagem para Siquijor e elas queriam continuar mais umas noites em Bohol, com a ideia de nos encontrarmos de novo algures. E assim foi.

Cheguei bem cedo a Siquijor tendo em conta que fui no primeiro ferry da manhã, conseguindo assim contratar um local para me passear pela ilha toda durante o dia todo. Fiz o check in na minha tenda na praia, na primeira fila, com vista para o mar, troquei de roupa, peguei na minha mochila mais pequena e fui dar uma de Dora, a exploradora. Foi espetacular! Acho que sem ele não tinha conhecido nem metade num só dia. Foi sempre a andar e no final, já meio cansados de tantas aventuras, partilhámos um lindo pôr-do-sol numa das praias favoritas dos locais. Foi em Siquijor que saltei numa espécie de liana para uma lagoa com cascatas de ambos os lados ou que saltei de quase oito metros de uma ponte para o oceano, numa de aventureira máxima a dar YOLO.

Após o guia acabar por pensar que eu poderia querer mais tendo em conta a minha simpatia tuga e de perguntar se eu queria ir a um bar beber uma cerveja com ele ou perguntar até qual era a minha tenda, eu decidi escapar à conversa e ao convite e descansar para o mergulho que combinei para a manhã seguinte. Não há tempo a perder, certo?

Esta situação levou-me a reflectir na facilidade que pode ser as mulheres que viajam sozinhas serem assediadas de alguma forma e na capacidade que temos de ter para dar a volta a estas situações que se podem tornar rapidamente super desagradáveis.

A minha noite foi mágica. Dormi com um céu super estrelado em frente ao mar. Não conseguia dormir por querer estar a viver aquela experiência durante o máximo tempo possível, lutando para que os meus olhos não cedessem e se fechassem com o cansaço. Mas tive de ceder à pressão e pensar que tinha de acordar às seis da manhã para caminhar quase três quilómetros até à escola de mergulho e aproveitar aquela oportunidade de uma hora debaixo de água até o meu host do couchsurfing me ir buscar para visitarmos uma secret lagoon.

Só os locais lá vão por ser super escondida e ser propriedade privada de uma família muito especial de Siquijor. O mais lindo desta experiência foi a mais recente proprietária – uma das filhas – ter aparecido e partilhado histórias da sua vida e da sua família connosco durante um belo par de horas, antes de nos oferecer comida e uma visita guiado pela sua casa, árvores de fruta, flores e a sua casa na árvore da qual falava com um brilho nos olhos. Esta senhora falou da sua família com um enorme orgulho e quando contava as conquistas  das suas filhas, era de fazer chorar qualquer alma sensível. Estão a ver o orgulho que cada um de nós gostava de sentir por parte dos nossos pais? É este o feeling. Simplesmente magnífico.

Agradeci ao Jerry por me ter levado até lá e confessei-lhe que foram vários os momentos em que me comovi com a senhora. E agradeci pela conversa antes de ela aparecer pois foi igualmente bonita e inspiradora. Ele foi um dos meus melhores hosts no couchsurfing e que viria a receber mais tarde a Kamila e a Andrea, sem sequer termos combinado tal coisa!

Decidimos ir jantar juntos antes de irmos para uma festa e seguir para um bar onde amigos e amigas dele iam estar a festejar uma ocasião especial qualquer. E eis que estão lá também não só o meu instrutor francês de mergulho daquela manhã como o meu guia (que não parava de olhar) do dia anterior! Esta ilha é muita pequena mesmo!

Eu e o Jerry fomos os primeiros a abandonar o modo de party animal (que eu não tinha nesta noite de todo) pois tínhamos um ferry às seis da manhã para apanhar e já passava das duas da manhã. Ele decidiu acompanhar-me a Dumaguete após conseguir-me uma vaga com uma sorte (e preço) do caraças para ir numa diving trip a Apo Island e ter combinado uma reunião de negócios para que me pudesse ajudar com os transportes lá e ser certinho que eu chegava lá às oito da manhã para acompanhar o grupo. E consegui mesmo!!

Enquanto eu lá estava ele tinha começado a construir um alojamento e um restaurante com um conceito muito especiais e eis que… a See-Kee-Hor Cafe and Hostel já abriu! 

E sabem aquele pensamento que surge de que fizeram a decisão certa, mesmo com esta pressa toda e tal? Foi exatamente o que senti e as três dives que fiz foram espetaculares. O grupo era animado e acabei por fazer uns connects, nomeadamente com um francês que viria a ter comigo em El Nido umas semanas mais tarde. Se quiserem o nome da escola posso-vos dar com todo o gosto 

Depois de Apo Island, a minha ideia era seguir viagem para ora Oslob ora Moalboal. À última da hora decidi ir para Moalboal, uma vez que não queria alimentar de todo o negócio à volta dos tubarões baleia. Reflecti e cheguei à conclusão que se os quiser ver, volto à Tailândia ou vou a outros locais nas Filipinas e tento a minha sorte, num ambiente livre e natural e não num forçado e bem pago e explorado unicamente para o turista. No barco estava uma holandesa que ia exatamente para Oslob (que não pensava como eu) e que acabou por ser a minha companhia na van até ao píer bem como no ferry que estava prestes a partir assim que chegámos. Depois disso eu acabaria por seguir uma direção diferente da dela pelo que a estação de autocarros era em locais completamente opostos.

Paguei nem cinco euros pela viagem de quatro horas de autocarro para Moalboal. Eram seis da tarde e a larica já se fazia sentir mas uma solo traveler tem sempre consigo uns snacks que fazem enganar o estômago, pelo menos até hora de jantar.

Com um par de horas dormidas e uma sesta adicional de meia hora no barco depois do mergulho, o meu cérebro estava em papa e eu só queria chegar ao Hostel, comer, tomar banho e dormir. Acontece que andei um pouco perdida para encontrar o meu alojamento e acabei por conseguir boleia de um rapaz que lá me ajudou a encontrar o meu poiso. Foi simpático mas não resistiu a tentar algo mais e perguntar se eu não queria ir com ele tomar uma bebida e para casa dele. Fiz-me de desentendida e pus-me a andar!

Quis o universo que eu conhecesse uma alemã mal cheguei ao dormitório que estava à procura de companhia para não só ir jantar como também ir às Kawasan falls no dia seguinte … e a Adriana apareceu para ambas as ocasiões 

Ao fazer uma pré-visualização do que acabei de escrever nesta última hora, noto que já são muitas as palavras e que talvez me esteja a estender demais para esta primeira parte. Talvez não tenha só uma segunda como ainda uma terceira parte porque ainda há muito para contar!

Continuam desse lado, certo? 

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